top of page
Buscar

Qual o perfil do ciclista de Petrópolis?

Atualizado: 31 de jul. de 2022

Em 2021, uma nova edição da Pesquisa Perfil do Ciclista, organizada nacionalmente pela Transporte Ativo, pelo LABMOB-UFRJ e pelo Observatório das Metrópoles, foi realizada mobilizando mais de 180 estudiosos e voluntários para entrevistar 10.767 pessoas em mais de 50 cidades. Dessa vez, Petrópolis esteve entre elas com a coordenação local da Associação dos Ciclistas de Petrópolis (Acipe), atuando nos meses de Agosto e Setembro. Veja aqui a chamada da época.


Nesse período, a Acipe alcançou, em diversos pontos dos 5 distritos da cidade e em variados dias da semana, um total de 717 entrevistados pedalando, empurrando ou estacionando a bike durante a abordagem. Como critério para selecionar quem seria entrevistado, buscamos ciclistas que usam a bicicleta como meio de transporte, pelo menos, uma vez por semana.



Em Petrópolis, 8 a cada 10 ciclistas são homens. Quanto à idade, a maior parte das pessoas que se deslocam pedalando tem 40 anos ou mais. A renda mensal de até 3 salários mínimos prevalece entre o grupo, enquanto o ensino médio completo é o grau de escolaridade mais recorrente. Mais da metade usa a bicicleta como transporte ao menos 5 vezes por semana. A maioria pedala há, pelo menos, 4 anos, e os principais motivos citados para ter a bicicleta como meio de locomoção foram saúde, rapidez e praticidade. Em geral, ciclistas de Petrópolis passaram a pedalar mais com a pandemia.


A maior parte dos entrevistados afirmou levar menos de 30 minutos em seu trajeto mais frequente e comentou que, para pedalar ainda mais, contaria com mais infraestrutura e respeito dos motoristas.

Conhecemos várias histórias muito interessantes e inspiradoras. Pessoas que têm apenas a bicicleta como transporte, seja por necessidade ou por escolha pessoal. Algumas usavam a bicicleta para vender lanches, pedreiros que iam para o serviço com material de obra, catadores de reciclados, professores universitários, advogados... Impressionante também foi constatar que muitos tinham mais de 50 anos, possivelmente consequência da cultura da bicicleta que era muito mais forte na cidade antes da cultura rodoviarista que ainda impera em países subdesenvolvidos, como o Brasil.


Quer conhecer os detalhes da pesquisa? Acesse o relatório completo. Os dados da cidade de Petrópolis estão organizados a partir da página 47.


Como a Pesquisa pode ajudar nas políticas públicas da cidade?


Apesar de ter apenas uma infraestrutura cicloviária dedicada na cidade (ciclofaixa da Avenida Barão do Rio Branco - sentido bairros), os dados são relevantes e provocam a reflexão sobre o deslocamento urbano municipal. Existem várias opções de trajetos curtos que chegam ao Centro, por exemplo, com variadas condições topográficas e de compartilhamento de via, indicando que o uso da bicicleta pode contribuir bastante com a redução dos engarrafamentos, favorecendo o comércio local também nos bairros, por ser fácil estacionar e ocupar pouco espaço, ser silenciosa e não bloquear visualmente as vitrines das lojas. Petrópolis precisa dar esse passo rumo ao século XXI e despontar entre as cidades brasileiras com uma rede de infraestrutura mais robusta. Os ciclistas já existem e reivindicam seu espaço!


Entender o perfil do ciclista brasileiro e, no nosso caso em especial, do petropolitano, nos ajuda a pensar as políticas públicas que precisam ser executadas no curto, médio e longo prazos para tornar o uso da bicicleta ainda mais viável e permitir que mais e mais pessoas possam utilizar esse meio.

Ciclistas petropolitanos querem mais e melhor infraestrutura cicloviária


Algumas vias de Petrópolis têm características muito específicas que demandam infraestrutura cicloviária dedicada. Alguns exemplos são: aquelas com fluxo muito intenso de veículos e que não permite a passagem da bicicleta quando o trânsito está parado (como a Rua do Imperador), vias que possuem baixa altimetria e são trajetos mais diretos para o ciclista, mas que possuem um único sentido (como a Washington Luiz) e outras que são muito sinuosas e permitem velocidades maiores dos automóveis (como a Av. Barão do Rio Branco). Essas vias, sem dúvida, necessitam de ciclovias/ciclofaixas para trânsito exclusivo de ciclistas.


É sabido que a bicicleta é o melhor meio de transporte para curtas distâncias, de até 7 km aproximadamente. Porém, se considerarmos as características da cidade, 7 km no entorno do Centro Histórico e de Itaipava, que são locais com muito engarrafamento, abrange uma área com grande fluxo de pessoas. Isso quer dizer que a quantidade de automóveis nestes locais poderia ser reduzida drasticamente se houvesse mais incentivo ao deslocamento por bicicleta até essas áreas com a implantação de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas.


"Além da falta de infraestrutura cicloviária, outros fatores dificultam esse deslocamento local, como a falta de lugares seguros para guardar as bicicletas, por exemplo", diz Isabella Guedes, presidente da Acipe.

A Pesquisa Perfil dos Ciclistas em números


Veja a seguir algumas estatísticas obtidas a partir da entrevista com os 717 ciclistas.

  • 83% são homens

  • 41% possuem entre 40 e 59 anos

  • 42% possuem grau de escolaridade máxima o Ensino Fundamental, sendo 8% sem grau de instrução completo

  • 24% possuem renda salarial menor que 2 salários mínimos

  • 57% dos entrevistados usam a bicicleta como transporte ao menos 5 vezes por semana

  • 21% utilizam a bicicleta 7 dias por semana para se deslocar a trabalho

  • 70% usam a bike como transporte há mais de 4 anos; 11% utilizam a bicicleta como transporte há menos de 1 ano

  • 67% levam menos de 30 minutos em seu trajeto mais frequente

  • 34% utilizam a bicicleta para ir a local de compras ao menos 2 vezes por semana

  • 43% alegam escolher por ser mais saudável e 35% por ser mais rápido e prático

  • 23% já sofreram alguma ocorrência no trânsito nos últimos 2 anos enquanto pedalavam

  • 60% querem mais infraestrutura como ciclovias/ciclofaixas e 33% sentem necessidade de mais segurança e respeito no trânsito

  • 71% disseram que a pandemia alterou a rotina dos deslocamentos de bicicleta

  • 58% passaram a pedalar mais durante a pandemia da COVID-19

Sobre a Pesquisa Perfil do Ciclista


As áreas da pesquisa foram definidas pela organização local (isto é, a Acipe). Na cidade de Petrópolis, diferentemente das outras cidades que participaram da campanha, as entrevistas foram realizadas todos os dias da semana, não apenas em dias úteis, por ser uma cidade turística.


Apesar de ter apenas uma ciclofaixa na cidade, Petrópolis se destacou por ser uma das cidades que mais conseguiu ciclistas entrevistados, realizando o dobro de pesquisas necessárias para obter resultados estatisticamente relevantes conforme orientações da organização nacional.



bottom of page